quinta-feira, outubro 9

O antigo é tão atual...

Texto escrito em Junho de 2012. E deixado em rascunho. Mas achei tão original e atual que decidi postar. Para o amor que eu gostaria que soubesse que eu tb gosto de ser lembrada.

Houve um tempo que essa era a época mais intensa para mim. Dia dos namorados chegando, hora de dedicar-se a pensar em um presente que fosse mais que presente, que fosse uma recordação. Algo que fosse especial como uma música e impessoal como uma poesia. Hoje isso não faz diferença. Não pela pessoa que tenho ao meu lado, mas pela maneira como ele vê as coisas. Ele é diferente de tudo e de todos, uma caixinha de surpresas indevassáveis. Nunca acerto em agradá-lo. Quer uma originalidade que eu não possuo. Uma sensualidade que nunca será minha. Uma disponibilidade que eu nem imagino. Sou essa que todo mundo conhece. Sorridente, intuitiva, prática, agradável, mas também estressada, intolerante, consumista e egoísta. Basta dizer que nos amamos, mas que antes disso nos toleramos como pessoas imperfeitas que somos. Nosso amor é realista demais. Eu adoraria um romance, não um conto de fadas, apenas um romance. Um olhar num dia, um abraço no outro. Um estar perto agora, um entrelaçar de dedos. Um recadinho no celular ou um telefonema só pra dizer que me quer mais tarde. Não falo de paixão, porque essa sei que muitas vezes resiste apenas ao primeiro ano. Falo de amor, de reciprocidade, de carinho e admiração, de querer estar junto. É isso! Não sou dada a certezas, muito pelo contrário. Vivo um mundo de surpresas diárias, inclusive com relação aos meus próprios sentimentos. Mas se tem uma coisa que eu tenho certeza na vida é de que eu o amo, embora ele repita muitas vezes que isso não basta. Embora ele as vezes me magoe. Embora ele ache que eu não estou "de verdade" na dele porque esperava mais. Embora ele ache que eu sou superficial demais. Embora eu saiba que sou imperfeita e que exatamente por isso sou perfeita! Perfeita para aqueles que decidem amar quem eu sou e não amar seus próprios sonhos de perfeição. O dia dos namorados está chegando e mais uma vez ele não vai lembrar, como também não lembrou no ano anterior. As vezes coisas importantes para mim passam despercebidas para ele e isso vai deixando pequenas cicatrizes por dentro. Eu nem deveria culpá-lo porque sei que escolhi ser prática, mas isso não me impede de sonhar as vezes, ou de simplesmente querer coisas. Se eu pudesse escolher um presente, hoje independente de quem eu sou, escolheria flores... ou na praticidade um celular, um tablet, um touchbook! Mas ele se quer se lembrará de me desejar bom dia...

Como provar que você é você? Deixando de ser o Você que fizeram você acreditar ser.

2012 terminou terrível. De acordo com os maias seria o ano do fim do mundo, e pode-se dizer que sim. Segredos desagradáveis abalam qualquer relacionamento. E durante 3 meses o fim parecia inevitável. Sinceramente, nem sei por que não terminou. Já não me lembro mais. Não sei se eu prometi coisas, ou me iludi com promessas. O que eu me lembro é que numa quarta-feira de cinzas ele me pediu em casamento. Nada romântico não?! Usei a data simbolicamente para enterrar as mentiras e renascer das cinzas. Ânimo novo. Problemas velhos. Poeira e mofo. Lavemos a alma.

12 de Julho de 2013.
Foram 5 meses de preparativos. Uma noite de festa. Amigos reunidos. Promessas e mais promessas. Sorrisos e mais sorrisos. Eu estava feliz. De verdade.
Foram 4 dias num paraíso. Porto de Galinhas. Tudo lindo. Fotos, postais, monumentos. Nunca fomos românticos. Temos nossos limites. Sempre falamos verdades demais. E diminuímos o ritmo para manter a educação.

Hoje, 15 meses depois, posso garantir que casar com a ilusão de um futuro "felizes para sempre" foi a melhor das ironias do destino. Os problemas são os mesmos. A felicidade nem tanto. Convivemos. Aturamos um ao outro por comodidade, costume ou respeito. E acho que estamos perdendo tempo. Passei por muita coisa na vida... e hoje querer a liberdade é uma saída, uma fuga, uma viela em meio a um caminho longo, obscuro, tortuoso. Podia ter sido diferente. Podia ter sido ótimo. Mas não foi. Foi bom. E bom não é o suficiente.