quinta-feira, março 26

De acordo com Machado de Assis...

Hoje fiquei pensando sobre o que escrever... na verdade, me obriguei a isso. É como se eu quisesse preencher uma lacuna com palavras. Daí abri o blog e aqui estava o meu fio da meada: "Pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras muitas faces" (Machado de Assis)

Tudo o que tenho vivido está baseado em palavras... palavras, promessas e tentativas através delas. Eu tomei decisões importantes. Abri os olhos e o coração. Larguei o medo pra lá e decidi amar. Estranho porque amar não depende só de uma decisão, mas muito mais de uma aceitação. As vezes é difícil aceitar o outro... o outro não é vc... tem outros valores, outros motivos, outros quereres... é outro... e isso é tão absurdo e tão simples ao mesmo tempo. Como aceitar o outro? Como entender que aquele a sua frente não é você, não pensa como você, jamais agirá como você e muitas vezes também não vai te entender?
Quando eu decidi que amar era a minha melhor saída, saída de mim mesma, foi como se todo o mundo conspirasse ao meu favor. Mas ninguém me avisou que seria tão difícil. Logo pra mim que possuo tão bem as palavras, elas me faltam. Me deixam um vácuo de respostas não ditas, de pensamentos não concluídos, de inatingível abismo. Como explicar ao outro que não há explicação tangível, plausível ou alcansável?
Eis que estou sem palavras. Sem palavras pra dizer que nada mais importa, que todos lá fora não me fazem a menor falta, que viver de amor era o que eu sempre quis. Por que é tão difícil dizer? Por que é tão difícil me fazer entender? A questão é que ao silenciar, ao não ter respostas, eu crio uma infinita possibilidade dele entender tudo errado, de não se saber que o amor vale a pena por si só, que a vida agora é muito melhor, embora a gente as vezes não se entenda, embora as vezes eu não me faça entender porque me faltam as tais palavras de mil faces.
Eu criei abismos, mas quero preenche-los. Só ainda não descobri como.