domingo, setembro 26

Fuçando velhos arquivos

"Que novidades são essas que me cercam
que andam coladas comigo como se fizessem parte de um eu que desconheço?
Escrevo porque me esqueço
e isso é tão óbvio que acabo por não dizer
é... esqueci até de você"

Viver de poesia nunca foi minha intenção. Mas gosto do que escrevo porque é a única maneira de vez ou outra saber quem eu sou, principalmente se lembro que sou cada dia uma pessoa diferente no sentido em que a vida vai... As únicas coisas que tenho de concreto são esse amor indiscreto e estampado na cara, essas dores guardadas que nunca se vão, esses amores eternos que duram o tempo certo de virarem palavras e é claro muita luz e solidão. Solidão daquele tipo sustentável, que interefere bem pouco no andar das coisas. Aquele sentimento de olhar ao redor e ver que mesmo acompanhada se está sozinha. Quem sonha comigo esses sonhos? Não me rendo ao perigo, simplesmente escrevo... e vivo.

Hoje foi um dia em que acordei cantando. Isso não é lá muito normal. Passei o dia em casa sem ter nada por fazer além de esperar o dia passar e ainda assim fui feliz. Coisa rara, eu diria até raríssima! Mexi nos meus textos. Estou escolhendo alguns pra registrar e tornar público. São muitos... e alguns são publicáveis, outros, nem tanto. Estou tentando... mas é como mexer em caixas guardadas há anos: ficamos meio perdidos no início e depois vamos nos aperfeiçoando em fuçar cada vez mais fundo. Sinceramente... sinto medo daquilo que está guardado. Há perigo no quarto ao lado... esteticamente guardados sob lençóis de pesado veludo, cheirando a mofo no escuro: vai saber o que pode sair de dentro desses arquivos... vai saber o que pode sair de dentro daquilo que guardei tão fundo... vai saber... poesia certamente, mas muito mais que isso: eu mesma... cara... eu mesma! A-S-S-U-S-T-A-D-O-R!