sábado, dezembro 12

Razão de ser

Razão de ser
(Paulo Leminski)

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?



Andei olhando meus textos, não os daqui, mas os outros milhares de textos novos e velhos que estão arquivados em meu pc, e cheguei a conclusão de que eu escrevo com razão. Escrevo para acabar com o tédio, pra amenizar a falta de dinheiro, para apagar as lembranças de amores que não querem passar, para simplesmente escrever, ter o que falar. Tem sempre um motivo, um por que... mas no fundo nada disso importa! rs Depois que o caso passa, que as estórias viram História, nada disso importa. É como ver Casseta & Planeta 10 anos depois e não entender nada!Não importa se fui feliz ou triste enquanto escrevia. Não importa se alguém vai ler meus textos um dia. Não importa se quer se acham bom ou ruim, ou desconexo enfim! E isso é tão simples... escrever ao acaso, revelar casos e depois não ser nada. Isso é ser Eu. É não ser nada... é ter um quê de sem-resposta! É não se importar com os textos não lidos, com as palavras não ditas, com os amigos não-tão-amigos!
Bem... o que estou dizendo é que o que escrevo é quase nada diante de tudo o que sinto. Mas quem se importa, se escrever é apenas um clichê de quem quer se livrar de suas próprias estórias?